terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Governo Lula teria negociado com EUA apoio à oposição venezuelana


Lula E Chaves (Grandes Amigos)

Documentos revelados pelo WikiLeaks e publicados pelo jornal francês 'Le Monde' dizem que, em 2005, Brasil queria que Washington autorizasse a venda de aviões de treinamento Super Tucano à Venezuela de Hugo Chávez; americanos teriam rejeitado a proposta

Documentos confidenciais do Departamento de Estado americano, obtidos pelo WikiLeaks, mostram que o Brasil teria oferecido, em 2005, apoio a opositores do governo de Hugo Chávez na Venezuela em troca de autorização americana para vender aviões de treinamento Super Tucano. A proposta, revelada ontem pelo jornal francês Le Monde, teria sido recusada pelos EUA, que viam na venda dos aviões um risco "real".
Os diálogos entre diplomatas do Brasil e dos EUA sobre a Venezuela foram destaque do jornal francês ontem. Segundo os documentos relatados pelo Le Monde, o veto à venda de aviões de treinamento Super Tucano à Venezuela, que conta com tecnologia de empresas americanas, teria sido alvo de discussões entre os dois países.
"O Brasil não quer que a Venezuela compre um avião fora da região. A aquisição de um aparelho mais avançado, dos russos, poderia provocar um desequilíbrio das forças aéreas da América do Sul", diz o documento secreto, datado de novembro de 2005.
O governo brasileiro teria argumentado que o veto seria desnecessário, já que, em caso de instabilidade política, "a esquadrilha da Venezuela ficaria presa ao chão pela recusa de manutenção ou de reposição de peças, da mesma forma que os americanos fizeram com os F-16 venezuelanos".
Então, a Embaixada Brasileira em Caracas teria proposto um acordo: em troca da autorização de Washington para vender os Super Tucanos, o Brasil apoiaria a ONG venezuelana Súmate, uma associação civil que se diz apartidária, mas que é opositora a Chávez. A proposta não teria sido aceita.
Em outro telegrama, de 2006, os diplomatas americanos justificam a recusa: "a ação brasileira pela Súmate seria simbólica, enquanto os Tucanos seriam bem reais". Mais tarde, em 2009, a representação de Washington em Brasília lamentaria o veto ao Super Tucano, que estaria prejudicando a venda dos caças F-18 Super-Hornet na disputa com o francês Dassault Rafale e o sueco Saab Gripen.
Os diálogos - e não raro as divergências - entre Brasil e EUA sobre a Venezuela continuariam nos anos seguintes. Em 2006, uma nota da diplomacia americana diz que "o Brasil não pode ser considerado como um país que está do nosso lado". Já em 2007, a diplomacia americana afirma que o governo de Luiz Inácio lula da Silva "crê que deve manter distância dos EUA para não comprometer sua capacidade de trabalhar com a Venezuela".
Outro despacho de 2007 narra uma conversa entre diplomatas americanos e o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. O chanceler teria afirmado que "os brasileiros não se sentem ameaçados por Chávez" e isolá-lo não seria uma boa estratégia. "Ele ladra mas não morde", disse Amorim.
Em janeiro de 2008, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, teria feito outra avaliação, segundo telegrama secreto enviado a Washington. Para Jobim, Chávez seria "uma nova ameaça" para a estabilidade regional. "Os brasileiros consideram plausível uma incursão militar de Chávez em um país vizinho, dada sua imprevisibilidade", diz o relato. Segundo Jobim, dessa imprevisibilidade decorreria a criação do Conselho de Defesa Sul-Americano, um órgão que permitiria ao Brasil controlar as atividades militares dos vizinhos.
Para os diplomatas americanos, o Brasil pretende competir com os EUA pela liderança regional. "O Brasil acha que está engajado em uma competição com os EUA na América do Sul e duvida das intenções americanas", diz um telegrama de novembro de 2009. O texto ainda completa: "O Brasil tem uma necessidade quase neurótica de ser igual aos EUA e de ser visto dessa forma."
Também em novembro de 2009, a Embaixada Americana em Brasília comenta as convicções do secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, Antônio Patriota. "Mesmo que Patriota conheça bem os EUA e esteja pronto para trabalhar conosco, ele não o fará em uma perspectiva pró-americana, mas sob as bases do nacionalismo tradicional da diplomacia brasileira."

Al-Jazira é moeda de troca do Catar
A rede Al-Jazira, do Catar, mudou sua cobertura jornalística para se adequar à política externa do país. A atuação contradiz a linha editorial do canal árabe, que se declara independente. Segundo documentos, o Catar usaria a Al-Jazira para obter vantagens em troca de matérias menos críticas.

Chinês ordenou ataque ao Google
O sofisticado ataque de hackers ao Google, em março, foi ordenado pelo principal órgão governamental da China. De acordo com dados secretos do governo dos EUA, a ação teria ocorrido após um importante líder chinês ter encontrado críticas a si mesmo num resultado de busca do site.

México é "lento" ao lidar com tráfico
Os EUA anunciaram descrença na habilidade do México em combater os cartéis de narcotraficantes do país. O governo americano disse que o Exército mexicano é "lento" e "desajeitado" no combate ao sistema sofisticado dos traficantes e que o país está perdendo a luta para as drogas.

EUA proíbem acesso a WikiLeaks
O governo dos EUA, por meio do Departamento de Defesa, ordenou que seus funcionários não usem o WikiLeaks. "Informações sigilosas, que tenham ou não sido publicadas em sites ou divulgadas para a mídia, permanecem sigilosas e devem ser tratadas como tal", diz a nota.

Brasil esconde radicais islâmicos
O governo brasileiro teria escondido a existência de supostos militantes islâmicos acusados de terrorismo em São Paulo e nas áreas de fronteira para tentar proteger a imagem do País. A informação está em um dos documentos secretos do governo americano divulgados ontem.

Hezbollah tinha "rede secreta"
Em abril de 2008, o governo do Líbano descobriu uma rede secreta de fibra óptica usada pelo grupo islâmico Hezbollah, considerado pelos americanos uma organização terrorista. A rede teria sido financiada pelo Irã. A informação foi passada para os EUA, a Arábia Saudita e outros aliados.

Brasil tem de ajudar a desbloquear Kyoto, diz presidente da COP-16


Patricia com a Secretaria da ONU Christiana Figueres
 Foto Alex Cruz/Efe A tarefa é para os ministros dos dois países. Nesta semana, o encontro entra no segmento de alto nível - alguns ministros já chegaram a Cancún, e outros são esperados para esta segunda-feira, 6. O Brasil está representado pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

A definição sobre o que ocorrerá ao Protocolo de Kyoto é a principal questão negociada na COP-16. O primeiro período de compromisso de tratado, que estabeleceu meta de cerca de 5% de corte de emissão dos gases-estufa, termina em 2012.

Os países em desenvolvimento, como Brasil, Índia e China, querem que as nações industrializadas se comprometam com o segundo período de Kyoto. Mas Japão e Austrália não querem manter o protocolo. Isso porque os Estados Unidos e China, os maiores emissores de CO2 atualmente, não fazem parte do acordo.

Os EUA nunca chegaram a ratificar Kyoto, e a China, por ser um país em desenvolvimento, não tinha obrigação de ter uma meta. Apesar de a responsabilidade histórica caber aos países ricos, especialistas afirmam que será necessário um esforço de todos os principais emissores para conseguir frear as mudanças climáticas.

Transparência

O jogo de empurra entre os países continua em Cancún. Como disse ao 'Estado' o ministro indiano do Meio Ambiente, Jairam Ramesh, o Japão quer garantir que os EUA ajam antes de fazer a parte dele pelo clima. E os EUA, por sua vez, não querem fazer algo sem que a China também seja obrigada a entrar em ação.

Para tentar avançar na negociação, a Índia fez uma proposta de como funcionaria o mecanismo de transparência, chamado de MRV (mensurável, reportável e verificável). Essa ferramenta é uma exigência, por exemplo, dos EUA, que querem poder medir se a China cumprirá aquilo com que se comprometer.

Até agora, a proposta indiana tem apoio dos americanos, japoneses e europeus. "Se Brasil e China vierem a bordo, temos os elementos para o MRV. São países-chave", afirmou Ramesh. No entanto, os indianos colocam uma condição para garantir a transparência: a aprovação de um segundo período de compromisso do Protocolo de Kyoto. "Precisamos ganhar algo em troca", completou o ministro do Meio Ambiente.

CANCÚN - A presidente da Conferência do Clima da ONU em Cancún (COP-16), Patricia Espinosa, que também é ministra de Relações Exteriores do México, solicitou a ajuda do Brasil para desbloquear o impasse entre os países em relação ao Protocolo de Kyoto. Além do Brasil, ela pediu apoio do Reino Unido nesse processo.
A tarefa é para os ministros dos dois países. Nesta semana, o encontro entra no segmento de alto nível - alguns ministros já chegaram a Cancún, e outros são esperados para esta segunda-feira, 6. O Brasil está representado pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

A definição sobre o que ocorrerá ao Protocolo de Kyoto é a principal questão negociada na COP-16. O primeiro período de compromisso de tratado, que estabeleceu meta de cerca de 5% de corte de emissão dos gases-estufa, termina em 2012.

Os países em desenvolvimento, como Brasil, Índia e China, querem que as nações industrializadas se comprometam com o segundo período de Kyoto. Mas Japão e Austrália não querem manter o protocolo. Isso porque os Estados Unidos e China, os maiores emissores de CO2 atualmente, não fazem parte do acordo.

Os EUA nunca chegaram a ratificar Kyoto, e a China, por ser um país em desenvolvimento, não tinha obrigação de ter uma meta. Apesar de a responsabilidade histórica caber aos países ricos, especialistas afirmam que será necessário um esforço de todos os principais emissores para conseguir frear as mudanças climáticas.

Transparência

O jogo de empurra entre os países continua em Cancún. Como disse ao 'Estado' o ministro indiano do Meio Ambiente, Jairam Ramesh, o Japão quer garantir que os EUA ajam antes de fazer a parte dele pelo clima. E os EUA, por sua vez, não querem fazer algo sem que a China também seja obrigada a entrar em ação.

Para tentar avançar na negociação, a Índia fez uma proposta de como funcionaria o mecanismo de transparência, chamado de MRV (mensurável, reportável e verificável). Essa ferramenta é uma exigência, por exemplo, dos EUA, que querem poder medir se a China cumprirá aquilo com que se comprometer.

Até agora, a proposta indiana tem apoio dos americanos, japoneses e europeus. "Se Brasil e China vierem a bordo, temos os elementos para o MRV. São países-chave", afirmou Ramesh. No entanto, os indianos colocam uma condição para garantir a transparência: a aprovação de um segundo período de compromisso do Protocolo de Kyoto. "Precisamos ganhar algo em troca", completou o ministro do Meio Ambiente.

Afra Balazina, enviada especial de O Estado de S.Paulo.

WikiLeaks: EUA veem minérios brasileiros como recursos estratégicos

Documento de 2009 pede a embaixadas lista de locais cuja perda poderia ameaçar segurança do país


WASHINGTON - O site WikiLeaks divulgou nesta segunda-feira, 6, uma lista secreta de locais estratégicos para os EUA que incluem cabos submarinos e jazidas de nióbio e manganês no Brasil. Um telegrama diplomático de 2009 pede às missões do país pelo exterior que atualizem uma lista de infraestrutura e recursos pelo mundo "cuja perda poderia impactar criticamente a saúde pública, a segurança econômica e/ou a segurança interna dos EUA".

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A listagem inclui também, por exemplo, oleodutos e fornecedores de vacina contra varíola que, se fossem atacados por terroristas, poderiam ter um "impacto crítico" na segurança do país, na visão do Departamento de Estado.
A lista inclui comunicações, portos, recursos minerais e empresas de importância estratégica no exterior para os EUA em vários países, desde a Áustria até a Nova Zelândia.
Sobre o Brasil, o documento cita cabos de comunicação submarinos com conexões em Fortaleza e no Rio de Janeiro e jazidas de minério de ferro, manganês e nióbio em Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e em Goiás. Não há, porém, detalhes sobre o porquê dessas instalações serem importantes para o governo americano.
O telegrama diplomático diz que o Departamento de Estado, em coordenação com o Departamento de Segurança Interior, estava pedindo informações às embaixadas sobre locais e recursos que, "se destruídos, teriam um efeito imediato e deletério sobre os EUA". O texto ressalta que os diplomatas não devem consultar os governos locais sobre o tema.
O pedido foi feito no âmbito do Plano Nacional de Proteção à Infraestrutura, que busca garantir a proteção de recursos vitais a fim de se evitar possíveis ações terroristas, bem como responder melhor a desastres naturais, por exemplo. A lista inclui o Canal do Panamá, oleodutos, empresas médicas belgas e companhias italianas e australianas que produzem soro antiofídico.
Na Europa, a fábrica Ludwigshafen, da gigante alemã do setor químico BASF, é descrita como "o maior complexo químico integrado do mundo". Já o complexo da Siemens em Erlangen, também na Alemanha, é responsável pela "produção de produtos químicos cruciais", que não podem ser substituídos por outros fornecedores. O entroncamento de gasodutos russos em Nadym, no oeste da Sibéria, é descrito como o mais "crucial" no mundo. No Oriente Médio, o texto aponta que, "por volta de 2012, o Catar será o maior produtor de gás natural liquefeito (GNL) importado" pelos EUA.
Locais listados no documento vazado também incluem minas e recursos naturais na África e na América do Sul, oleodutos no exterior, portos na China e no Japão, companhias farmacêuticas e médicas da França e terminais de carga e refinarias de petróleo no Oriente Médio. O site WikiLeaks tem vazado cerca de 250 mil documentos secretos do Departamento de Estado, desde o fim de novembro. As informações são da Dow Jones.

Manuscrito de Leonardo Da Vinci é encontrado em biblioteca na França


NANTES - Um fragmento perdido de um manuscrito do gênio renascentista Leonardo da Vinci foi encontrado em uma biblioteca pública do oeste da França, depois de passar quase um século e meio esquecido em um depósito.
Escrito da direita à esquerda na escrita espelhada que era a marca registrada de Da Vinci, o texto foi um dos 5 mil documentos doados à prefeitura de Nantes em 1872 pelo rico colecionador Pierre-Antoine Labouchere e depois abandonado ao esquecimento nos arquivos locais.

Foi apenas quando um jornalista local topou com uma referência à localização do documento, em uma biografia do mestre italiano, que o manuscrito finalmente foi localizado.

"Ele provavelmente o escreveu em italiano do século 15 e possivelmente em outras línguas, então agora o texto precisará ser decifrado", disse Agnes Marcetteau, diretora da biblioteca de Nantes, onde o manuscrito foi encontrado.

Por enquanto, o teor do texto de Da Vinci - algumas linhas escritas sobre uma folha de papel amarelada - é desconhecido, e especialistas ainda não decifraram os rabiscos marrons do artista, disse Marcetteau.

O texto é o segundo item raro encontrado na coleção de Labouchere. Em 2008 foi encontrada uma partitura nunca antes vista do compositor Wolfgang Amadeus Mozart.

Leonardo da Vinci (1452-1519) foi um dos maiores pintores, cientistas e pensadores do Renascimento e é conhecido na França sobretudo pela tela "Mona Lisa", que atrai milhares de visitantes todos os dias ao museu do Louvre, em Paris.

Em 1486 ele desenhou um protótipo de máquina voadora com asa rotatória, não muito diferente dos helicópteros modernos.


(Reportagem de Guillaume Frouin)